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A barbárie policial em São Paulo

A cidade de São Paulo foi palco de um massacre nesta terça-feira (12). O segundo ato marcado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento das tarifas de transporte público por parte do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e da prefeitura de Fernando Haddad (PT) sequer começou direito: a polícia reprimiu a manifestação antes mesmo que ela saísse.

A “nova estratégia” da PM de São Paulo consistiu em fechar totalmente a Avenida Paulista, local da concentração do ato, e também a passagem para a Rebouças, trajeto marcado pelo movimento. As pessoas eram revistadas antes mesmo de chegar ao local da concentração. Antes de qualquer confronto com manifestantes, a polícia utilizou bombas para “dispersar” o ato, mas sequer deixou alternativas de rotas de fuga para os manifestantes.

Resultado óbvio: muitas pessoas machucadas, inclusive pedestres que sequer estavam participando da manifestação. O MPL, que classificou a atuação policial como “banho de sangue”, informou que 28 pessoas tiveram que ir ao hospital por conta da barbárie operada pela Polícia Militar. Relatos afirmam que um morador de rua foi ferido no pé por uma bala de fogo e que, logo no início do ato, uma mulher grávida teria sido chutada por um policial na barriga e teve que receber os primeiros socorros no metrô.

Leia mais: O depoimento de Raul Santiago, militante do PSOL que foi obrigado pela PM a tirar a camisa de seu partido

O deputado federal Ivan Valente, o vereador Toninho Vespoli e o presidente do PSOL SP, Juninho, estiveram presentes no ato, bem como diversos militantes jovens do partido no estado. Para Valente, o direito à livre manifestação, garantido pela Constituição, foi violado. “Defendemos o livre direito de manifestação e repudiamos mais este ato de violência da polícia militar e do governo Alckmin (PSDB). A luta contra o aumento da tarifa, também reajustada pela prefeitura de São Paulo (Haddad/PT), é legítima, necessária e garantida pela Constituição Federal”.

A barbárie policial em São Paulo

Uma nova manifestação está marcada pelo MPL para esta quinta-feira (14), às 17h, no Largo da Batata. Em todo o país, outros atos estão sendo convocados onde também houve aumento das tarifas, como no Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte e outras cidades.

O secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, tentou justificar a brutal repressão desta terça-feira e afirmou que ela será repetida nas próximas manifestações, segundo informações do jornal O Estado de São Paulo. Além disso, Moraes disse que o trajeto dos atos, a partir de agora, será definido pela polícia, e não mais pelos manifestantes. A informação foi recebida com receio por movimentos de direitos humanos, que temem novas repressões.

O jornal Nexo veiculou uma matéria em que demonstra que essa forma de atuação policial é condenada por organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). Leia clicando aqui: Como a polícia pode lidar com manifestações sem recorrer à violência

Outras informações sobre a violência policial podem ser conferidas na reportagem do jornal El País BrasilPolícia sufoca manifestação do MPL contra alta da tarifa em São Paulo

Na página dos Jornalistas Livres no Facebook é possível assistir a diversos vídeos que registraram a brutalidade da PM: facebook.com/jornalistaslivres

Um vídeo publicado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) demonstra bem o tamanho do massacre em São Paulo: assista

O ex-candidato a vice-presidente pelo PSOL, Jorge Paz, também presente na manifestação, mostrou em vídeo o momento em que foi reprimido pelas bombas da PM paulista: assista

 Veja abaixo alguns relatos de quem esteve no ato e viu a barbárie de perto:

Raul Santiago Rosa, militante do PSOL

Eles revistaram minha mala inteira, ficaram me aterrorizando. Depois que terminou eu segurava minha camiseta para cima pois ela encostava no machucado do estilhaço da bala e ardia muito.
– Tomou bala, é? Isso é menos do que você merece, eu tô com vontade de te encher de porrada aqui. Tira essa camiseta do partido e põe na mala que cê tá liberado, cê entendeu?

Leia o depoimento completo de Raul Santiago Rosa clicando aqui.

Juninho, presidente estadual do PSOL São Paulo

Na última terça-feira o Governador de São Paulo mostrou mais uma vez a sua faceta fascista impedindo o livre direito de manifestação. O ato convocado pelo Movimento Passe Livre, contra o absurdo aumento da tarifa do transporte público, foi impedido de marchar pelas ruas da capital paulista, primeiro a PM cercou toda a concentração do ato impedindo inclusive que outros manifestantes se aproximassem e quando o ato tentou sair para descer a avenida Rebouças foi duramente reprimido com um efetivo policial completamente desproporcional ao tamanho do ato. Assim como na mobilização contra a reorganização escolar e também nas periferias de São Paulo o diálogo do governador é sempre com violência, truculência e ausência de democracia.

Vinicius Moraes, historiador e militante da JSOL

Uma quantidade inacreditável de bombas foi lançada no meio de uma multidão que não tinha por onde correr. Sufocadas com o gás lacrimogêneo, assustadas com as bombas ditas de efeito moral, as pessoas caíam sobre as outras, muitas perderam os sentidos, todas passaram muito mal. Não tem como pensar que a ação da PM se deu para dispersar. A polícia perseguiu os manifestantes que correram do cerco pela rua da Consolação, por onde eu fui. Foi formado um grande corredor polonês por toda a extensão da rua. Enquanto corríamos, as bombas e tiros corriam atrás. As motos da ROCAN e viaturas também. O ato já estava disperso. Era para agredir. Os policias com motos aceleravam, fechavam grupos pequenos nas calçadas, desciam distribuindo cacetadas em qualquer coisa que se movia (Leia o depoimento completo clicando aqui).

Camila Souza, do Juntos e do PSOL

O ato de ontem se quer conseguiu sair. Fomos encurralados por um grande corredor polonês que a polícia montou no entorno da concentração. A polícia estava orientada a usar da violência de forma abusiva. Muitos feridos, entre manifestantes e jornalistas. Nos lembrou o dia 13 de junho de 2013. Mas São Paulo não está sozinho, vamos ocupar as ruas Brasil afora contra o aumento. A repressão organizada por Alckmin e Haddad não vai nos calar. A sociedade precisa responder ao que aconteceu ontem. Um novo junho precisa se levantar.

Gabriela Freller, do movimento RUA e do PSOL

Desde o início do ato, era possível ver como a PM tinha ido para cometer um massacre. Estava chegando na Consolação quando as primeiras bombas foram soltas. Uma após a outra. O único lugar que tinha para correr era a Paulista: menos de uma quadra dela, até onde outros PMs formavam cordões. Entramos em estabelecimento para nos proteger, enquanto eles jogavam bomba ate onde podiam. Só saímos cerca de trinta minutos depois, de braços rendidos, para longe da avenida. Foi uma clara deliberação de massacre para acabar com a nossa luta. Estão amedrontados com a possibilidade de repetir junho de 2013 ou a vitória dos secundaristas. Para evitar isso, Haddad e Alckmin deram as mãos para tentar acabar não só com nosso direito à cidade, mas também à manifestação. Um absurdo que não passará em branco.

 

 

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