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Manifesto Nordeste com Boulos e Sonia

“Nunca diga nordestino
Que Deus lhe deu um destino
Causador do padecer
Nunca diga que é o pecado
Que lhe deixa fracassado
Sem condições de viver”
(Patativa do Assaré – Nordestino sim, Nordestinado não)

O grande poeta popular Patativa do Assaré já dizia “não é Deus quem nos castiga, nem é a seca que obriga sofrermos dura sentença”. Esse imaginário do Nordeste, e dos nordestinos, como expressão única da miséria e da seca sempre rendeu lucros às oligarquias da terra, aos parasitas do Estado e a criação de estereótipos pela mídia da casa grande, mas, essa nunca foi a identidade do povo nordestino. Não somos nordestinados, nós somos injustiçados!

Nossa ligação com a terra e os modos de vida comunitários, oriundos da nossa ancestralidade indígena e negra, sempre foram lidos pelos capitalistas empreendedores como relações atrasadas. Há uma lógica colonial entre o nordeste e o eixo do desenvolvimento econômico industrial brasileiro que sempre manteve uma relação desigual e combinada com um projeto de Brasil alicerçado nas desigualdades sociais. Desde a fundação da SUDENE, essa é a lógica das políticas públicas no Nordeste, servindo de engodo, reforço do voto de cabresto e da cultura do favor ao invés de promover a universalização dos direitos.

Os avanços sociais que o Nordeste conquistou nos últimos anos vêm sofrendo retrocessos após o golpe. O governo golpista de Michel Temer retira recursos que deveriam ser investidos em políticas sociais de combate às desigualdades, principalmente após a aprovação da “PEC do teto de gastos”. As políticas públicas como o bolsa família – que chegou a alcançar um em cada três domicílios no Nordeste (IBGE) – o atendimento dos trabalhadores rurais a partir da previdência social, e investimentos em urbanização e infraestrutura via PAC, propiciou que o Estado enxergasse os trabalhadores mais precarizados, reduzisse a fome e o número de moradores de rua.

A ampliação das vagas nas universidades federais, inclusive nos interiores, reposicionou a educação nos projetos de vida da juventude trabalhadora. O erro foi não alterar as estruturas de poder mas tê-las reforçado, ao atuar em aliança com as oligarquias locais, devastadoras do meio ambiente, genocidas de milhões de indígenas, negros e negras e camponeses, além de intensificar o crédito e a inserção pelo consumo, esvaziando a disputa ideológica.

Com a crise econômica agravada pelo golpe parlamentar, a condição de vida no Nordeste retrocedeu rapidamente. Os grandes martírios seus não é permissão de Deus, é culpa dos governantes! A falta de emprego para 27,7 milhões de pessoas (IBGE) e a retirada de direitos fizeram com que o trabalho análogo ao escravo e a fome retornassem, e com a fome, cresce a violência. Dados do Atlas da Violência 2018, divulgado pelo Ipea, confere um aumento na média de homicídios de 41,84 para 44,15 por 100 mil habitantes entre os anos de 2015 e 2016. Os números do feminicídio também são alarmantes assim como os índices de assassinato da população LGBT. As chacinas, infelizmente, têm transformado o rosto dos jovens assassinados, em sua maioria negros, a marca mais comum utilizada nas camisas nas periferias urbanas e rurais.

Mas é importante que todos saibam, é também nas periferias que as re-existências pulsam. Nós somos injustiçados, nordestinos explorados, mas nordestinados não! São nas ocupações urbanas, nas retomadas indígenas, na luta quilombola, nas culturas populares insurgentes, nos cinemas de inquietação, na organização dos camponeses e nas greves, que um projeto sem medo, comunitário, faz renascer a esperança para um outro futuro.

Na história brasileira, todas as conquistas populares são atribuídas não àquelas e àqueles que tombaram lutando por um mundo mais justo e igualitário, mas como uma concessão da Casa Grande ao povo oprimido. É preciso dizer em alto e bom som que vai ser com Boulos e Sônia, o mais jovem pré-candidato e a primeira representante indígena a disputar a Presidência da República, respectivamente, que iremos disputar voto a voto nesse país. Guilherme Boulos é uma das principais lideranças populares nacionais, forjado na luta dos sem-teto. Já Sônia Guajajara é a maior liderança indígena que nós temos hoje. A união da cidade e do campo, das duas das mais belas lutas sociais travadas nos últimos anos, irá capitanear um novo ciclo de mudanças sociais no Brasil, transformando a vida do nosso povo, principalmente dando voz para quem não é ouvido. É preciso reencantar a política, trazendo de volta as pessoas que se decepcionaram por erros que não foram nossos e encantar todos e todas que acham que “político é tudo igual”. A missão não é fácil, mas só com pé no barro e disposição que será possível quebrar a ordem social existente.

Assim, defendemos uma radical reforma agrária, com incentivos estatais à agricultura familiar e a demarcação de todas as terras indígenas e dos territórios quilombola; um programa para encerrar a guerra aos pobres e por uma segurança pública cidadã, com o fim das polícias militares e da legalização da repressão aos movimentos sociais; pela legalização das drogas e contra as políticas higienistas promovidas nas cidades; com investimento de recursos públicos em programas de assistência social aos desempregados e sem teto.

Em favor do bem comum, é dever de cada um, pelos direitos lutar! E como nordestino é povo sem medo, vamos com Boulos e Sonia governar.

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