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Quem controla a mídia no Brasil?

Um relatório divulgado nessa terça-feira (31) pelo Intervozes e a ONG Repórteres Sem Fronteiras mostra quem são os proprietários da mídia no Brasil e quais seus interesses políticos, econômicos e religiosos. O evento de lançamento da plataforma “Quem controla a mídia” aconteceu em São Paulo, com a presença de Olaf Steenfadt, coordenador global do projeto, e outros especialistas no tema.

A pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia no Brasil (MOM Brasil, da sigla em inglês Media Ownership Monitor) é a versão brasileira de um projeto que já foi aplicado em 10 países. Desses, o Brasil foi o que teve os índices mais preocupantes acerca da falta de pluralidade nos meios de comunicação, recebendo a pior nota em quase todos os indicadores.

Através de dados de audiência e agendamento (capacidade de influenciar a opinião pública), a pesquisa elencou e mapeou os 50 maiores veículos de mídia impressa, rádio, televisão e internet do país, cruzando dados de seus grupos proprietários, financiadores, que outros negócios possuem e suas relações políticas. Segundo André Pasti, coordenador do projeto, o estudo teve uma duração de cerca de quatro meses, com cinco pesquisadores no total, todos do coletivo Intervozes.

“A pesquisa foi fundamental para entender como as empresas de mídia se negam a colaborar com a transparência. E eles também se negam a colocar o tema em discussão, porque nenhum dos grandes meios esteve na coletiva de imprensa ontem”, denuncia Parti, se referindo ao lançamento da plataforma em São Paulo.

Os resultados são alarmantes:

Dos 50 veículos analisados, nove são de propriedade de lideranças religiosas – todas cristãs – e, desses, cinco direcionam todo o seu conteúdo para a defesa dos valores de sua religiosidade específica. Além disso, pelo menos outros seis veículos não são definidos como religiosos, mas apresentam conteúdo de denominações religiosas em suas páginas ou grades de programação.

Interesses políticos também estão em jogo. Além de existirem políticos e familiares donos de mídia – o que é proibido pela Constituição Federal -, grande parte dos proprietários tem relações próximas (parentesco, compadrio, troca de favores, entre outras) com políticos e com partidos. O estudo revela que 32 deputados federais e oito senadores controlam meios de comunicação, mesmo que não sejam seus proprietários formais.

Outra análise diz respeito a interesses mercadológicos dos donos da mídia. Agronegócio, mercado financeiro e imobiliário são alguns dos setores de atuação de boa parte desses grupos que detêm a concentração midiática. Dos 26 grupos controladores, 21 possuem negócios em outros setores da economia. Desses, sete têm em outras atividades seu negócio principal.

Por fim, em relação à concentração da mídia, percebeu-se que, dos 50 veículos maiores em audiência, nove pertencem ao Grupo Globo, cinco pertencem ao Grupo Bandeirantes, cinco pertencem à família Macedo (do Grupo Record e da Igreja Universal), quatro fazem parte da RBS e três veículos são da Folha de S. Paulo. Isso revela que metade dos veículos do Brasil são controlados por apenas cinco famílias.

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