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Toda solidariedade à luta do povo haitiano

Uma insurreição popular colocou em cheque os planos de ajuste do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Haiti. O anúncio do fim dos subsídios aos produtos derivados do petróleo gerou um aumento de até 51% nos combustíveis e atingiu de imediato o setor de transportes e o abastecimento de energia, dando início as maiores mobilizações das últimas duas décadas no país. Entre os dias 6 e 8 de julho, barricadas foram erguidas nas ruas e os símbolos do poder como prédios governamentais, centros comerciais e os escandalosos hotéis de luxo construídos com investimento público foram incendiados e destruídos pela população. O segundo momento veio sob a forma de greve geral, a partir do chamado dos trabalhadores de transporte que se alastrou pelo país nos dias 9 e 10, resultando na revogação dos reajustes draconianos e a renúncia do primeiro-ministro Jack Guy Lafontant.

Nesse momento, o presidente Jovenal Moise (Partido Tèt Kale) tenta acalmar os ânimos populares criando expectativa sobre a escolha do novo primeiro-ministro, mas a verdade é que não possui legimitidade alguma para governar. Eleito num pleito fraudulento em 2016 – com cerca de 80% de abstenção -, tenta agora costurar um grande acordo nacional entre a fracionada elite haitiana e a MINUJUSTH (Missão das Nações Unidas de Apoio à Justiça no Haiti), entretanto, tal missão é feita sem abrir mão das negociações com o FMI, que insiste no fim dos subsídios, em privatizações e na manutenção da política econômica em curso.

A crise social e humanitária se agrava ano após ano. A sequência trágica de terremotos debilitou a precária rede de infra-estrutura da ilha e hoje quase 40% da população não tem acesso à agua potável e 76% vive sem saneamento básico. A epidemia de cólera, trazida por soldados nepaleses da antiga MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti ), já matou mais de 10 mil pessoas e nenhuma medida reparatória foi tomada pela ONU. Com a alta da moeda estadunidense, a dolarização da economia tem provocado crescimento da inflação – entre 11% e 15% – enquanto o salário médio gira em torno de U$ 6 diários e 70% da população está desempregada.

A solidariedade dos movimentos sociais e organizações políticas brasileiras faz-se necessária. Entre 2004 e 2017, o Itamary esteve à frente da ocupação militar no Haiti, que agora comprova seu balanço negativo com a crescente crise social. Travestida de “ajuda humanitária”, a MINUSTAH foi a saída encontrada pelo imperialismo para terceirizar mais uma ocupação na ilha e funcionou como tropa pró-implementação do novo regime de exploração no país, além de um macabro campo de treinamento para ações como as ocupações de favela pelo Exército no Rio de Janeiro.

O povo haitiano honra sua história rebelde mais uma vez. Com o espírito dos primeiros homens e mulheres a se libertarem do julgo colonial no século XIX, agora conclamam os povos latino-americanos a resistirem aos planos de recolonização, em defesa dos direitos sociais e da autodeterminação dos povos!

Executiva Nacional do PSOL

Julho de 2018

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