Os deputados do PSOL Glauber Braga, Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá registraram na noite desta terça-feira (9) um boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal após terem sido vítimas de agressões dentro da Câmara. Os parlamentares Rogério Correia (PT-MG) e Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) acompanharam o grupo.
Glauber Braga foi retirado à força e violentamente arrastado pela Polícia Legislativa, acionada diretamente pelo presidente da Câmara, Hugo Motta. A ordem ocorreu durante um protesto legítimo de Glauber contra a votação de sua cassação e do chamado PL da dosimetria, proposta que reduz a pena de Jair Bolsonaro e outros envolvidos na trama golpista.
O ataque da Polícia Legislativa desencadeou um tumulto generalizado, atingindo também as deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, além de jornalistas que tentavam cobrir os acontecimentos.
Os três parlamentares do PSOL precisaram de atendimento médico imediato. Na saída do ambulatório, Glauber criticou a postura de Motta e lembrou que o presidente da Casa usou “48 horas de diplomacia” diante da invasão bolsonarista à Mesa Diretora em agosto, enquanto, desta vez, recorreu à violência em poucas horas, ordenou o corte das imagens da sessão e mandou esvaziar o plenário.
Célia Xakriabá repudiou o uso desproporcional de força e exigiu investigação imediata por parte da Mesa Diretora e da Polícia Legislativa. “Essa é a verdadeira face da Câmara dos Deputados: os golpistas ocuparam o plenário por dias e receberam tratamento diferente, com tentativas de acordo. Já com Glauber, com Sâmia e comigo a Polícia Legislativa agrediu de forma violenta” afirmou a deputada.
No plenário, Chico Alencar (PSOL-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) denunciaram o apagão institucional promovido por Motta. Eles lembraram que jornalistas foram retirados, a TV Câmara foi desligada, algo sem precedentes desde a redemocratização, e o plenário foi esvaziado à força. Para Talíria, o presidente da Câmara “atacou de morte a democracia” ao tentar blindar golpistas e impedir o escrutínio público.
O episódio desta terça-feira expôs uma escalada autoritária que não pode ser normalizada. Ao transformar a força policial em instrumento político e cercear o trabalho da imprensa, a presidência da Câmara compromete o funcionamento democrático da Casa do Povo. O PSOL exige investigação, responsabilização e o restabelecimento pleno das garantias parlamentares e da liberdade de imprensa, fundamentos indispensáveis para qualquer democracia.

