Um mar de gente tomou conta da Avenida Paulista, nesse domingo (04), em mais um grande ato em São Paulo desde que o presidente ilegítimo Michel Temer assumiu o Palácio do Planalto, após a confirmação do impeachment pelo Senado Federal na última quarta-feira (31). Cerca de 100 mil pessoas, entre jovens, adolescentes, trabalhadores de vários setores, militantes sociais e sindicais, pais e mães com crianças de colo se juntaram no final da tarde, na manifestação convocada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, para dizerem que não reconhecem o governo Temer e que muito menos vão aceitar as políticas de ajuste e de retirada de direitos, já anunciadas e encaminhadas pelo novo presidente. Na pauta, a convocação de novas eleições para presidente. Militantes do PSOL marcaram presença, assim como a candidata à prefeitura Luiza Erundina e o candidato a vice Ivan Valente.

O dirigente nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos ressaltou que o povo vai seguir tomando conta das ruas denunciando o golpe parlamentar e o “programa de devassa” nos direitos imposto por Temer. “Aqueles que acham que a história acabou no Senado na semana passada estão muito enganados. Agora acabou aquele capítulo, do parlamento. Aliás, um parlamento sem legitimidade para definir os destinos do país. Agora é o capítulo das ruas” (confira no vídeo).
No Rio de Janeiro, milhares se concentraram no final da manhã em Copacabana, de onde saíram em caminhada pela Avenida Atlântica, rumo ao antigo Canecão, onde está o Ocupa MinC RJ, movimento de ocupação e resistência contra o impeachment há mais de 100 dias. Militantes do PSOL e candidatos nas eleições de outubro se juntaram à manifestação. “Eu acho que nesse momento, a única coisa que pode salvar o processo democrático é convocar uma eleição direta pra presidência da República”, disse o nosso candidato a prefeito, Marcelo Freixo (confira a sua fala completa).

Em outras capitais, como Salvador e Curitiba, também ocorreram atos pelo Fora Temer. De forma unificada, como se estivessem ocorrendo no mesmo espaço, todas pediram diretas já para eleições presidenciais.
O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, avalia que os atos desse domingo mostraram a vitalidade da reação contra esse golpe institucional que ocorreu no país. “Infelizmente a postura do governo é menosprezar a força e a reação contrária ao que ele está prometendo e já está fazendo contra os direitos dos trabalhadores. Dizer que foram 40 ou 50 pessoas ridicularizou e minimizou a reação do povo. Mas o que nós vimos ontem foram 100 mil pessoas na Avenida Paulista e foi a força da população que quer eleições diretas e que não aceitam que se consolide o governo ilegítimo. O PSOL esteve presente, nas pessoas da nossa candidata Luiza Erundina e de seu vice Ivan Valente, em São Paulo, e de Marcelo Freixo, no Rio, e a nossa militância estará presente em todos os atos estimulando as diretas já”.
Repressão
Em São Paulo, mais uma vez a Polícia Militar de Geraldo Alckmin, aliado de Temer, atuou para reprimir milhares de pessoas que foram às ruas. Os cerca 100 mil manifestantes se concentraram no Masp e marcharam até o Largo da Batata, numa manifestação tranquila ao longo de seu percurso até a PM dar início a ações gratuitas de repressão. As pessoas já estavam se dispersando do ato, a caminho da estação de metrô Faria Lima, em frente ao Largo da Batata, quando policiais começaram a jogar bombas de gás lacrimogênio para dispersar o fluxo dentro e fora da estação.
Relatos de pessoas que estavam no local e presenciaram as cenas afirmam que muitos passaram mal em reação ao gás, incluindo idosos. Mesmo sem muita reação, a Polícia seguiu jogando mais bombas. A militante do PSOL Nunah Alle, que acompanhou a manifestação desde o seu início, registrou as cenas da barbárie promovida gratuitamente pela polícia.
O fotógrafo Maurício Camargo foi encurralado pela PM junto com um grupo de profissionais de mídia que cobria o ato. “Ele apontou pra gente e falou ‘vaza, vaza!'”, relatou o profissional a Nunah Alle. Conforme ela relatou, a polícia jogou bomba de efeito moral e depois mirou em sua perna, atingindo-o com uma bala de borracha.
A BBC Brasil também registrou quando o seu repórter Felipe Souza foi agredido com golpes de cassetete pelos policiais, mesmo identificado e gritando que era da imprensa.
Já o site alternativo Democratiza também mostrou a cena de um manifestante sendo detido e colocado dentro de um caminhão da polícia. Informações repassadas por veículos de mídia alternativos que estavam na delegacia dão conta que o manifestante chegou com ferimentos ao local.
Antes mesmo de a manifestação começar, a PM deteve 20 jovens sem qualquer motivo que justificasse tal ato. Advogados populares foram impedidos de acompanhar os menores de idade até a delegacia. Confira mais no relato de uma advogada.
Novo ato na quinta-feira
Com a disposição de permanecer nas ruas exigindo o fora Temer e reivindicando diretas já para eleições presidenciais, a frente Povo Sem Medo promoverá um novo ato em São Paulo na próxima quinta-feira (08), às 17h, no Largo da Batata. Não será a barbárie promovida – novamente – pela Polícia Militar do estado de São Paulo que manchará a força das manifestações, que só aumentam.
Acesse o evento sobre o ato no facebook, confirme presença e ajude a divulgar.

