Em seu artigo semanal na Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos comentou o arcaico clientelismo aplicado pelo PSDB no governo de São Paulo há quase 30 anos.
No começo da semana, reportagem divulgou que o governo Doria liberou mais de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares em 2021 para atender deputados estaduais, federais e uma senadora. Esse valor refere-se somente às emendas extras, sem contar as que são asseguradas por lei aos deputados estaduais. A soma até julho é seis vezes maior do que os R$ 182 milhões de 2020.
“Além de representar uso escandaloso da máquina pública como trampolim à pré-candidatura de Doria à Presidência —inclusive para influenciar nas prévias de seu partido— e de Rodrigo Garcia ao governo estadual, a operação desvela um modus operandi do PSDB que ajuda a explicar sua permanência no poder de São Paulo por 25 anos”, analisa Boulos.
“É o clientelismo tucano, conhecido como política do cafezinho”, caracterizou ao continuar a avaliação. “Consagrou-se o padrão da relação clientelista com os prefeitos e deputados, liberando a conta gotas verbas para as regiões em troca de apoio à eleição do candidato tucano ao governo, em encontros regados pelo famoso cafezinho”.
“O preço disso é o desmonte de um planejamento de políticas públicas que considere as vocações e carências de cada região e viabilize um projeto de desenvolvimento econômico e social para o estado mais rico do país. Não por acaso, São Paulo está há tempos numa inércia sem rumo nem ousadia”, avalia.
“Estamos falando do estado que representa 30% do PIB e tem orçamento de R$ 250 bilhões. Passa da hora de jogar luz nas engrenagens mofadas do poderio tucano em São Paulo”, conclui Boulos.

