Em seu artigo na Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos contou uma série de episódios de descaso do Poder Público com a população nas periferias de São Paulo. De um esgoto que cai na casa de uma moradora da Vila Dalva, passando por uma obra malfeita pela Sabesp no morro do Pulman, a poucas quadras do luxuoso Morumbi, chegando às obras inacabadas do Rodoanel Norte que levam transtorno ao Jardim Peri Alto e às escolas de lata em Vargem Grande, no extremo sul da cidade.
Essa série de histórias contadas, e que você pode ler aqui, são o assunto de um texto que reflete sobre a realidade dos mais pobres no Brasil. “Como diz sabiamente Frei Betto, a nossa cabeça pensa onde nossos pés pisam. Seria uma bela aula para os farialimers conhecerem a dona Sonia [que tem a casa atingida pelo esgoto] ou andar no meio da merda no Pulman”, diz Boulos.
Entre estas histórias de abandono que revoltam quem as vive todos os dias, também nasce esperança através de resistência.
“Deu um ânimo danado conversar com quem produz cultura na quebrada, o Bloco do Beco, a Agência Solano Trindade, o Pagode da 27, os coletivos de Guaianazes. Ver a dona Marlene lutando sem parar por um espaço de lazer para os jovens do morro da Macumba. Conhecer o projeto Mãos na Massa, da tia Inês, que ensina culinária para adolescentes no Jardim Primavera, mesmo sem nenhum apoio do governo. Ver o pessoal da pastoral do Jaraguá cozinhando num quartinho de fundo marmitas para a população de rua, as Cozinhas Solidárias do MTST, as ocupações por moradia, o conjunto Dandara em São Mateus”, listou Guilherme Boulos sobre as iniciativas de resistência popular que visitou recentemente.

