O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta terça-feira (24), sobre os resultados do partido no primeiro turno das eleições municipais, as expectativas para o segundo turno de domingo em São Paulo (SP) e Belém (PA), que tem Guilherme Boulos e Edmilson Rodrigues concorrendo à prefeitura em cada cidade, respectivamente.
Ao ser questionado sobre o avanço eleitoral do PSOL, principalmente nos grandes centros urbanos, Juliano Medeiros apontou para a capacidade do partido de acolher pautas fundamentais à esquerda do século XXI. “Somos uma esquerda que incorporou temas como direitos humanos, meio ambiente, direitos das mulheres, LGBTs, negros, juventude”.
Enquanto boa parte dos partidos de oposição brasileiros estiveram nos governos nas últimas duas décadas, o PSOL fortaleceu seu trabalho de base e a relação direta com os movimentos sociais, que comumente veem o PSOL como o principal partido aliado de suas pautas e que veem suas vozes ecoando para dentro e para fora do partido. “Nos tornamos o partido do ativismo brasileiro”, crava Juliano Medeiros.
Sobre a possibilidade do PSOL governar grandes cidades pela primeira vez, como Belém e São Paulo, o presidente do partido manda o recado sobre como será o modelo psolista de governar. “Estamos conscientes de que chegar ao Executivo traz muitas responsabilidades. Governar é muito mais complexo do que fazer oposição. Ao mesmo tempo, rechaçamos o mito de que só há uma forma de gerir o Estado. As experiências mais inovadoras de gestão pública, os governos de Luiza Erundina [São Paulo], Olívio Dutra e Tarso Genro [Porto Alegre], Maria Luiza Fontenele em Fortaleza e Edmilson Rodrigues em Belém, foram promovidas com governos de minoria”, relembra Medeiros.
Juliano também aponta que o PSOL não fugirá do conflito para governar e rebate os que chamam as propostas do partido de “utópicas”. “O conflito é um elemento presente na política. Fazer política dialogando e negociando é positivo, mas fazer política em contextos de conflito também é algo aceitável. A ideia de uma absoluta harmonia entre todos é uma utopia”, rebate o dirigente
O presidente do partido conclui dizendo quem são as pessoas que devem temer governos do PSOL. “Nosso projeto não prevê prejuízo para as classes médias, os setores produtivos. Mas há uma parte que vive da especulação, da jogatina no mercado financeiro, que será atingida. Esses setores têm boas razões para serem contra os nossos pressupostos econômicos”, termina.



