No momento em que o PSOL, Conlutas e a Intersindical promovem plebiscito para a reestatização da Companhia Vale do Rio Doce e a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública, os neoliberais ficam ferozes. Acusam-nos de retrógrados e irresponsáveis, utilizando como argumento um suposto crescimento excepcional que a Vale teria acumulado, tanto na produção como nos lucros, após sua privatização em 1997.A privatização da Companhia Vale do Rio Doce e de outras estatais foi extremamente danosa aos interesses do povo brasileiro e um golpe à soberania nacional. Um verdadeiro “negócio da China” para as multinacionais e o capital financeiro que, durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), se apropriaram de 70% das empresas estatais.
FHC entregou aos banqueiros e a “testas de ferro” nacionais, estatais de valor incalculável, como a Vale do Rio Doce, Embratel, Rede Ferroviária Federal, entre outras. Foram mais de cinqüenta empresas. Por todo esse fabuloso patrimônio, os abutres de Wall Street em parceria com seus sócios minoritários, os urubus da avenida Paulista, pagaram apenas 100 bilhões de reais, em parte financiados pelo BNDES e Fundos de Pensão. Enquanto isso, FHC, o Robin Wood dos ricos, pagou em oito anos 400 bilhões de reais apenas de juros da dívida pública, além de 200 bilhões de reais de amortização da dívida pública.
A Vale do Rio Doce vale muito mais
A Vale está presente em treze estados e em cinco continentes. Possui nove portos, no Brasil e no exterior, além de ferrovias, hidrelétricas e frotas de navios transoceânicos.
O leilão, realizado em 1997, foi um verdadeiro crime contra a Nação, tanto que o Tribunal Regional Federal, em Brasília, acatou o pedido de nulidade da avaliação do valor de entrega. A empresa, leiloada por R$ 3,338 bilhões, foi entregue a Benjamin Steinbruch com 700 milhões de reais em caixa. Ou seja, o verdadeiro valor do leilão foi de R$ 2 bilhões 338 milhões, enquanto seu patrimônio foi calculado em R$ 92,64 bilhões. Quando se avalia as riquezas minerais do subsolo sob controle da empresa (minério de ferro e pelotas, manganês e ferro-ligas, níquel, cobre, carvão, potássio, alumínio, bauxita, nióbio, tungstênio e caulim) o valor estimado da empresa ultrapassa R$ 1 trilhão.
Isto comprova que as privatizações, no mundo inteiro e no Brasil, se viabilizaram através da corrupção alimentada por multinacionais, sob o comando do capital financeiro. No governo FHC, a corrupção se alastrou a partir do Palácio do Planalto e se espraiou pelo Congresso Nacional e Esplanada dos Ministérios.
A CPI das Privatizações – e outras – foi sufocada nos governos de FHC, buscando impedir que o povo assistisse ao vivo e a cores uma seqüência de tucanos corruptos desplumarem e ficarem à nu, com suas vísceras expostas perante a Nação. O próprio Fernando Henrique Cardoso atuou para impedir as CPIs, pois sabia que o alvo principal das investigações seria ele.
No governo Lula, mesmo a contragosto do Planalto, a CPI do mensalão foi instalada e expôs mensaleiros do PT e seus parceiros na corrupção (como Roberto Jefferson), que receberam propinas para aprovarem a Reforma da Previdência, em 2003. Na Câmara, os corruptos, em sua maioria foram absolvidos, mas o STF, em decisão histórica, abriu processo contra os envolvidos, por formação de bando e quadrilha, inclusive o comandante da quadrilha, José Dirceu.
No novo caso que envolve o corrupto Renan, houve um operativo a partir do Palácio do Planalto, envolvendo diretamente o presidente Lula e o ministro da Defesa Nelson Jobim, além do senador Mercadante que conseguiu as seis abstenções decisivas para salvar Renan.
A nós trabalhadores só restam as lutas e mobilizações, tanto para conseguirmos reestatizar a Companhia Vale do Rio Doce e outras estatais privatizadas, como para derrotarmos o governo de Lula e seus corruptos aliados.
Babá – Membro da Executiva Nacional do PSOL.

