Milton Temer completa nesta quarta-feira (12) 80 anos. Muito bem vividos, diga-se. Ele é como aqueles vinhos que se tornam melhores com o tempo.
Mantém a combatividade e a paixão de sempre com que defende seus pontos de vista, combinadas com a lucidez e temperadas com a experiência. Ele é um belo exemplo de que experiência não se confunde com o número de anos vividos. É mais do que isso: é a capacidade de aprender com esses anos e estar, sempre, evoluindo, tornando-se melhor.
Nascido em Vila Isabel, bairro do Rio imortalizado pelos sambas de Noel, Milton é filho de um comerciante sírio progressista, Gabriel, que adotou o Brasil como pátria. Sua mãe, Julia, era professora de literatura francesa.
Depois de uma infância e juventude semelhante às dos jovens de sua idade, tornou-se oficial da Marinha no início dos anos 60, tendo sido cassado pela ditadura militar instaurada em 1964. Já era, àquela altura, ligado ao PCB.
Foi jornalista político em jornais e revistas no Brasil. Depois, exilado, como correspondente internacional realizou reportagens cobrindo lutas de libertação em países como Nicarágua e Angola e entrevistando figuras como Salvador Allende.
Em 1978 voltou ao Brasil e trabalhou na TV Educativa. Lá, criou o programa “Hoje já é amanhã”, onde entrevistava, no fim da noite e ao vivo, editores de jornais que comentavam as principais matérias do dia seguinte. Foi protagonista, ainda, também na TVE, do “Em Busca do Tempo Perdido”, onde debatia projetos de impacto na ciência e na tecnologia.
Em 1986 filiou-se ao PSB, pelo qual se elegeu deputado estadual constituinte no Rio. Deixou o PSB em 1988, ingressando no PT, do qual foi líder na Assembleia Legislativa, nos anos de 1989 e 1990.
Rompeu com o PT para participar da fundação do PSOL em 2003, por discordar da proposta de reforma da Previdência encaminhada por Lula ao Congresso Nacional e da entrega da política econômica a Henrique Meirelles. Pelo PSOL do Rio, em 2006 foi candidato ao governo e, em 2010, candidato ao Senado.
Milton Temer continua ativo e participante no partido e na vida política do país. E, o que é reconhecido por todos – sempre mantendo uma linha de coerência inquestionável. Foi um dos idealizadores da candidatura de Guilherme Boulos a presidente este ano.
Continua, também, tocando a vida com alegria e paixão, duas de suas marcas.
Quem venham outros 80 anos para o nosso valoroso “almirante” – como é chamado, carinhosamente, por amigos próximos.
Cid Benjamin é amigo de Milton Temer, militante do PSOL e jornalista.