Mais um caso de constrangimento e violência simbólica aconteceu contra as Juntas, mandato coletivo do PSOL na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Uma das cinco codeputadas eleitas, Robeyoncé Lima, primeira advogada trans do estado de Pernambuco, foi constrangida a se retirar de uma reunião informal entre parlamentares pelo deputado Alberto Feitosa, com atitudes racistas, classistas e transfóbicas.
Ontem, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o mandato coletivo do PSOL, @juntasdeputadas, foi intimidado pelos deputados bolsonaristas. Eles não suportam a presença de cinco mulheres trabalhadoras dividindo um mandato. Pois eles que se acostumem, porque elas vieram pra ficar!
— Juliano Medeiros (@julianopsol) September 26, 2019
A experiência de mandatos coletivos é uma novidade na política brasileira e causa estranhamento entre os velhos políticos acostumados aos modelos tradicionais, onde apenas homens velhos e ricos ocupavam os cargos da política institucional.
A mandata coletiva do PSOL na Alepe é legitimada por quase 40 mil votos e representa os anseios do povo pernambucano por uma profunda transformação na política do estado e por mais representatividade nos cargos públicos.
Leia a nota das Juntas Codeputadas na íntegra:
NOTA DA MANDATA COLETIVA DAS JUNTAS (PSOL), LEGITIMADA NAS URNAS
Nós, as cinco mulheres diversas eleitas com 39.175 votos para exercer um projeto inédito de gestão legislativa coletiva e compartilhada, denunciamos hoje na tribuna um caso de violência simbólica. A codeputada Robeyoncé Lima, a primeira advogada trans de Pernambuco, servidora federal concursada e cedida à Alepe em 4 de maio deste ano, foi instada a deixar o Plenarinho nº2 da Assembleia no final da manhã de ontem pelo deputado Alberto Feitosa, sob a justificativa de que ela não era deputada eleita. Não se tratava de uma reunião ordinária da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça e sim um encontro informal com alguns parlamentares. A atitude foi constrangedora e desmedida, com fortes doses de racismo, classismo e transfobia.
Entendemos a dificuldade de alguns parlamentares em acompanhar os avanços sociais positivos e transformadores de realidades, como é o caso da inédita e festejada eleição da primeira mandata coletiva, feminista e antirracista da história da Alepe. Entendemos a dificuldade de alguns parlamentes em visualizar que projetos vindos do coração da sociedade, nascidos das lutas históricas contra as desigualdades e dispostos a fazer uma política antisistêmica só enaltecem a Alepe e dão sentido concreto ao slogan de “a casa de todos os pernambucanos”, que ornamenta a marca da Casa, diversos discursos e os crachás de servidoras e servidores.
Quanto mais inovador é o projeto político, quanto mais possibilidades reais de ampliar a representatividade e a participação das pessoas na vida política, mais reação haverá. Especialmente quando o símbolo da mudança também está em nossos corpos, na nossa atuação competente e aguerrida. A grandeza da ruptura que representamos pode ser medida pelo incômodo que causamos a quem deseja que o mundo e a política permaneçam como sempre foram, para seletos. E foi exatamente sobre incômodo que o deputado Feitosa falou quando subiu à tribuna para rebater nossa denúncia.
Sentimos sim toda essa violência explícita e velada que tenta nos expulsar da Casa do Povo. Ela é cotidiana, tal qual a nossa luta. Aqui, porém, estamos legitimadas pela vontade popular e é importante reafirmar que o tamanho da cadeira do deputado Feitosa é do mesmo tamanho da nossa, só que a nossa é compartilhada entre cinco mulheres, apoiadas por uma talentosa equipe, por diversos movimento sociais e também por parlamentares, que respeitam a mandata e compreendem nossa coletividade.
Sabemos que estamos à frente do nosso tempo, da legislação e do regimento interno da Casa. Somos visionárias. Vamos seguir Juntas construindo um Estado melhor para as nossas sujeitas prioritárias, como fizemos desde que chegamos aqui. Mas não aceitaremos desrespeito, muito menos atos de racismo, lgbtfobia ou qualquer outro tipo de violência ou discriminação.
JUNTAS CODEPUTADAS ESTADUAIS
Carol Vergolino, Kátia Cunha, Joelma Carla, Robeyoncé Lima e Jô Cavalcanti


