A bancada do PSOL na Câmara protocolou nesta quarta-feira (26) uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação e quebra de sigilo telefônico do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O partido quer apurar a possível participação do parlamentar no planejamento da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro, ocorrida poucas horas depois de Nikolas visitar o ex-presidente.
O pedido foi motivado pelas imagens que mostram o deputado usando o celular dentro da casa de Bolsonaro enquanto ele cumpria prisão domiciliar, algo proibido por decisão expressa do ministro Alexandre de Moraes, que veda o uso de aparelhos de comunicação por visitantes. Nikolas alegou desconhecer a regra, mas o próprio parlamentar pediu esclarecimentos formais sobre a visita no dia 11 de novembro e foi informado de todas as restrições.
O documento enviado à PGR reforça que o uso do celular configura crime de desobediência e pode levantar indícios de cooperação no planejamento da tentativa de inutilização da tornozeleira.
A bancada questiona se Nikolas transmitiu instruções, combinou estratégias ou forneceu meios tecnológicos para facilitar a ação. A representação também cita possível enquadramento no artigo 351 do Código Penal, que trata de facilitar fuga de pessoa custodiada.
A líder do PSOL na Câmara, Talíria Petrone, reforçou a necessidade de investigação rigorosa. “Se ele sabia que não podia estar com celular na visita a Bolsonaro, o que então está escondendo do STF e da Polícia Federal?”, questionou. Para ela, a quebra do sigilo telefônico é essencial para esclarecer o que ocorreu antes e depois da visita.
O PSOL também pediu à PGR a proibição de novos contatos entre Nikolas e Bolsonaro, para evitar obstrução de Justiça, além de perícia técnica no aparelho celular.

