“Todos os dias são vários ataques novos. Você acorda de manhã, ele demitiu o presidente do INPE porque divulgou dados do desmatamento. Quando você vê, já indicou o filho embaixador, depois pauta a venda de bancos públicos e da Petrobrás. Nesse ritmo ele tenta paralisar a nossa reação”. Assim Guilherme Boulos chamou a atenção para sua fala durante ato de lançamento de uma frente parlamentar mista em defesa da soberania nacional e popular, realizado hoje (4/9), na Câmara dos Deputados. Também participaram os parlamentares do PSOL Ivan Valente e Glauber Braga e o presidente do partido, Juliano Medeiros.
Na ocasião, Boulos deu uma aula de como o governo Bolsonaro vem atacando a soberania nacional por meio da venda de empresas públicas, das riquezas naturais e da ciência e tecnologia. “No início do ano, chacelaram a venda da Embraer para uma empresa norte-americana. Venda a preço de banana e que compromete os avanços da engenharia nacional, transferindo nossa tecnologia aos Estados Unidos”, lembrou.
Citou ainda a lista, divulgada pelo governo federal, de empresas estatais a serem privatizadas, que inclui os Correios, a Casa da Moeda e a Eletrobrás. “Isso é atacar a capacidade do Estado brasileiro de ter autonomia nos setores estratégicos da nossa economia”, salientou. Segundo ele, privatizar os bancos públicos é acabar com qualquer capacidade do Estado de intervir na redução da taxa de juros, “deixando a farra do mercado financeiro rolar solta”.
Uma aula de soberania nacional a Bolsonaro, por @GuilhermeBoulos. #EmDefesaDaSoberania #Dia7EuVouDePreto pic.twitter.com/Y37eVBWXmy
— PSOL 50 (@psol50) September 4, 2019
Boulos também evidenciou o discurso falacioso do governo de que empresas estatais não funcionam e são ultrapassadas. “É curioso ver que quem quer comprar os campos do pré-sal é uma estatal norueguesa, e quem está de olho nas subsidiárias da Eletrobrás são estatais chinesas”.
Por meio da celebração de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que foi celebrado pelo governo como uma grande conquista, tenta-se consolidar a lógica neocolonial e transformar o Brasil na fazenda da Europa. “Não é por acaso que isso vem junto com uma política de destruição da ciência nacional, com o projeto Future-se”, apontou.
Nesta semana surgiu o acordo de Bolsonaro com Trump para utilizar a base de Alcântara, um território nacional privilegiado para lançamento de foguetes e satélites, onde os Estados Unidos poderão decidir quem pode ou não entrar.
“É irônico pensar que o lema desse governo é Brasil acima de tudo. Usaram de maneira falsa as cores da bandeira nacional para colocar um lesa-pátria na presidência. Um entreguista que nos faz passar vergonha indo lamber as botas do Trump”, concluiu Boulos.
De acordo com Juliano Medeiros, a criação da frente foi um importante passo da oposição no sentido de criar uma unidade de luta contra os ataques do governo Bolsonaro. “Isso não quer dizer ignorar nossas diferenças, mas unir forçar nesses pontos que são caros a todos nós”, explicou.

