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Artistas, juristas, intelectuais e políticos de todo o mundo lançam carta em solidariedade a Talíria Petrone

Foi publicada nesta quinta-feira (5) uma carta em solidariedade à deputada federal do PSOL Talíria Petrone, que vem sofrendo seguidas ameaças de morte no estado do Rio de Janeiro por usar seu mandato para defender bandeiras como a ampliação de direitos e o fim do genocídio do povo negro. Já foram registradas ao menos seis denúncias de planos para a execução da deputada, que também já foi vereadora na cidade de Niterói (RJ).

Entre as 15 páginas de assinaturas de artistas, intelectuais, juristas e personalidades políticas de todo o planeta, estão nomes como o do músico Chico Buarque, a filósofa Judith Butler, as atrizes Dira Paes e Sonia Braga, o ator Tuca Andrada, o ex-ministro Celso Amorim, entre tantas e tantos outros.

Há assinaturas de personalidades políticas de 34 países, além do Brasil: Alemanha, Argentina, Bélgica, Bolívia, Chile, Colômbia, Croácia, Cuba, Dinamarca, Equador, Eslovênia, Espanha, EUA, França, Grécia, Guatemala, Inglaterra, Irlanda, Itália, México, Nicarágua, Palestina, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Suécia, Suíça, Turquia, Uruguai e Venezuela.

“A luta contra a violência política de gênero e raça é uma tarefa de todas e todos nós. Assim, manifestamos nossa solidariedade e apoio à deputada federal Talíria Petrone e todas as parlamentares e candidatas brasileiras, especialmente as candidatas e parlamentares negras, e instamos as instituições brasileiras a tomarem providências efetivas para garantir a segurança dessas pessoas”, afirmam no manifesto.

Leia a carta na íntegra:
Declaração contra a violência política no Brasil e em solidariedade com Talíria Petrone

A violência política de gênero e raça é um problema grave no Brasil que não tem sido encarado com a devida seriedade pelas instituições brasileiras. O assassinato de Marielle Franco, então vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi exemplo emblemático deste quadro. Marielle, uma mulher negra que amava mulheres, era socialista e defensora de direitos humanos. Foi brutalmente executada em 14 de março de 2018, em um crime político que ainda aguarda solução.

Lamentavelmente, outras companheiras que também tomaram como tarefa a defesa do direito à vida da grande maioria da população e de pautas fundamentais para a democracia nos espaços institucionais, têm de lidar com um cenário de ataques cotidianos. É o caso de Talíria Petrone, atualmente deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL, que iniciou a vida pública em paralelo com Marielle, dividindo com ela as dificuldades por serem mulheres negras nos parlamentos locais.

Talíria Petrone vive sob a constante ameaça de morte por usar seu mandato para defender bandeiras como a ampliação de direitos e o fim do genocídio do povo negro. Desde que assumiu como deputada, já foi notificada oficialmente sobre seis denúncias de planos para sua execução. Embora seja uma parlamentar eleita com mais de 100 mil votos, não tem sua proteção plenamente garantida pelo Estado.

Sabemos que esta é uma triste realidade de muitas mulheres parlamentares de esquerda, especialmente negras, em todo o mundo. Em países marcados por processo de colonização e com históricas instabilidades e fragilidades institucionais isto é ainda mais agravado. No Brasil, mulheres que colocam seus corpos à disposição da luta para enfrentar estruturas de poder e ocupar o parlamento com vozes que representam favelas, comunidades indígenas, imigrantes, pessoas perseguidas e criminalizadas pelo próprio Estado, são um dos principais alvos da política de ódio em ascensão.

De acordo com um estudo recente realizado pelas organizações da sociedade civil Terra de Direitos e a Justiça Global, mulheres representam 76% dos alvos de casos de violência política no Brasil. Contra elas, os ataques possuem contornos próprios como a contestação de suas autoridades como agentes políticas.

Este cenário constitui um poderoso obstáculo para vencermos o conservadorismo e aprofundarmos a democracia em todo o mundo. Para que seja possível que mulheres disputem e ocupem espaços de poder, é preciso assegurar que tenham garantido o direito de se posicionarem na esfera pública, livre de ameaçadas, de constrangimentos e discriminações. É preciso garantir, sobretudo, que estejam vivas.

Ataques a mulheres e corpos negros não devem ser naturalizados em nenhum contexto, inclusive no exercício de mandatos parlamentares e em processos eleitorais. A população não deve ter como mensagem a ideia de que o poder não deve ser ocupado por aquelas que representam mais da metade da população, e não deve existir nenhum espaço institucional no qual as mulheres sejam proibidas ou desencorajadas de estar.

A luta contra a violência política de gênero e raça é uma tarefa de todas e todos nós. Assim, manifestamos nossa solidariedade e apoio à deputada federal Talíria Petrone e todas as parlamentares e candidatas brasileiras, especialmente as candidatas e parlamentares negras, e instamos as instituições brasileiras a tomarem providências efetivas para garantir a segurança dessas pessoas.

Assinaturas

Benedita da Silva
Celso Amorim
Jupiara Castro
Douglas Belchior
Fernando Haddad
Paulo Sérgio Pinheiro, Ex-ministro de Direitos Humanos e ex-Relator Especial da ONU
Óscar Laborde, Presidente do Parlasul, Argentina
Kshama Sawant, Vereadora em Seattle pela Socialist Alternative, EUA
Diana Riba i Giner, Eurodeputada – Esquerra Republicana de Catalunya, Estado Espanhol
Piedad Esneda Córdoba, Senadora, Colômbia
Leila Chaib, Europarlamentar – França Insubmissa, França
Sandra Fay, Vereadora – Solidarity & Socialist Party, Irlanda
Isabel Santos, Eurodeputada – Partido Socialista, Portugal
Helmut Scholz, Eurodeputado – DIE LINKE, Alemanha
Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel da Paz, Argentina
Bianca Santana, Escritora, jornalista e integrante da Uneafro
Driade Aguiar, Mídia Ninja
Judith Butler, Filósofa – UC Berkeley, EUA
Jules Falquet, Sociologa/Feminista – Université Paris7, França
Jurema Werneck, Direitora da Anistia Internacional
Iêda Leal, Coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU)
Nancy Fraser, Professora na New School University (Nova Iorque), EUA
Tithi Bhattacharya, Professora na Purdue University, EUA
Cinzia Aruza, Professora da Nova Yorque Unviversity, EUA
Citlalli Hernández, Secretaria General do partido Morena, México
Nora Cortiñas, Mães da Praça de Maio, Argentina
Pilar del Río, Fundação Saramago
Silvio Almeida, Professor Universidade Mackenzie e Fundação Getúlio Vargas
Vilma Reis, Socióloga, feminista, ativista do Movimento de Mulheres Negras, Defensora de Direitos Humanos e Co-fundadora da Mahin Organização de Mulheres Negras
Astrid Fontenelle, Jornalista e apresentadora
Chico Buarque, Cantor e compositor
Dira Paes, Atriz
Elisa Lucinda, Atriz e escritora
Flávia Oliveira, Jornalista
Hildegard Angel, Jornalista
Sonia Braga, Atriz
Teresa Cristina, Cantora
Tuca Andrada, Ator
Debora Lamm, Atriz

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