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“Não queria morrer sem abraçá-lo”, diz avó de neto encontrado após 36 anos na Argentina

Leandro Melito, do Portal EBC

O neto da presidenta da organização Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, filho de Laura Carlotto, assassinada durante a ditadura argentina, foi encontrado nesta terça-feira (5) em Buenos Aires.

“Isso é um prêmio para todos. Já tenho meus quatorze netos comigo. Os porta-retratos que estavam vazios já poderão ter sua imagem. Para nós argentinos é uma reparação, para ele, para nossa família e para sociedade como um conjunto. Não queria morrer sem abraçá-lo e logo poderei abraçá-lo”, comemorou. 

Estela, que coordena o grupo de avós em busca dos netos desaparecidos durante a ditadura argentina, afirma que sonhou com esse momento desde antes do nascimento da criança. “Não sabia que Laura esperava um bebê quando foi sequestrada”, disse em coletiva de imprensa realizada na tarde de segunda.

Com a descoberta do filho veio também a confirmação de quem era o  pai de Guido. “Como o desaparecimento de Laura aconteceu em uma época de clandestinidade absoluta, não havia informação de quem seria seu companheiro. Essa história de amor clandestina que teve esse fruto”, contou a avó. As informações recolhidas pela família apontavam para a possibilidade de que o pai da criança fosse o militante Oscar Montoya.

Reconhecimento genético
Como não houve nenhuma testemunha sobrevivente que pudesse confirmar a informação os Carlotto pediram à família de Oscar que colocasse seu sangue em um banco genético para que fosse comparado com o de Guido. Com a descoberta do neto, Estela afirma que a possibilidade de que Montoya tenha sido seu pai é de 99%.

A informação do reencontro do neto foi divulgada nesta segunda (5) pelo secretário de Direito Humanos de Buenos Aires, Guido Carlotto, que é tio do desaparecido. “Estamos muito felizes com a notícia. Por questões legais, só posso contar que ele é músico e que fez o exame de DNA voluntariamente”, disse o secretário antes de se dirigir à sede das Avós da Praça de Maio, onde Estela concedeu a entrevista coletiva. 

Laura Carlotto
No fim de novembro de 1977, Laura foi sequestrada pelos militares quando estava grávida de três meses. De acordo com testemunhos de sobreviventes da ditadura, a jovem foi mantida no centro de detenção clandestino La Cacha, em La Plata, até dar à luz no Hospital Militar de Buenos Aires, em 26 de junho de 1978. A detenção de Laura Carlotto no centro clandestino La Cacha está sendo julgada há alguns meses pelo Tribunal Federal 1 da Argentina. Na causa estão imputados 21 pessoas entre militares, ex-policiais, e o ex-ministro durante a ditadura, James Smart.

 
 

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