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Abertura do 6º Congresso aponta desafios da esquerda para derrotar a política de Temer

Teve início no final da manhã deste sábado (02) o 6º Congresso Nacional do PSOL, que acontece até amanhã (03), em Luziânia/GO, entorno do Distrito Federal. Reunindo aproximadamente 400 delegados, de todas as regiões do país eleitos nos congressos estaduais, o evento é o maior fórum de debate e de deliberação da militância partidária. Ao final, elegerá a nova direção, que ficará à frente do partido nos próximos dois anos.

A mesa de abertura, conduzida pelo presidente nacional, Luiz Araújo, representou a diversidade que compõe o PSOL nesses mais de dez anos de trajetória. Representantes dos Setoriais de Mulheres, Negras e Negros e LGBT abriram a série de saudações aos delegados presentes.

“Somos 54% da população que está sofrendo os ataques desse governo ilegítimo na saúde pública, nas universidades, por meio da perseguição às cotas raciais, aos direitos da classe trabalhadora com as reformas em andamento”, disse Luciene Lacerda, representante do Setorial de Negras e Negros. Ela destacou ser fundamental que o 6º Congresso Nacional reafirme a centralidade da pauta racial para a construção de um projeto socialista para o país.

Juselana da Costa Santos, representante da Setorial de Mulheres, falou sobre o seminário das  mulheres do PSOL, realizado no dia anterior, e apresentou algumas diretrizes para a atuação na luta contra os ataques aos direitos, definidas pelas militantes no encontro. Ao final de sua saudação, enfatizou a necessidade de mais unidade entre todas as mulheres do partido para enfrentar as opressões.

“Nós sabemos o quanto essas reformas vão agir com mais brutalidade em cima da população LGBT. Por isso, precisamos, LGBTs socialistas, articular de forma mais organizada, junto à classe trabalhadora, para enfrentar o cenário de fortes retrocessos. De forma conscientes sobre os nossos ideias e desafios”, pontuou Everton, representante do Setorial LGBT, para quem “a unidade não é uma questão de escolha, mas de necessidade”.

Unidade com os movimentos sociais
“Em nome do MTST, quero saudar a militância do PSOL, esse partido que tem sido um grande aliado nas nossas lutas e resistências”, afirmou o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, que veio à Luziânia fazer a sua saudação ao 6º Congresso Nacional do PSOL. Ele destacou a atuação de militantes do partido na construção da frente Povo Sem Medo, num enfrentamento, de forma unitária, que tem mantido acesa a chama da resistência e das lutas populares.

“Temos também muitos desafios, dente eles a reorganização da esquerda brasileira. Na nossa avaliação, há um ciclo se esgotando. E o golpe que se consumou no ano passado, acelerou o esgotamento desse ciclo. Não é mais possível qualquer avanço, sem o enfrentar os privilégios da casa grande. Enfrentar àqueles que representam a política mais velha desse país”, afirmou Boulos, também enfatizando a importância de garantir a unidade com os movimentos sociais para derrotar a política de Michel Temer.

“Vivemos um cenário que exige construção coletiva. Precisamos seguir juntos para debater os caminhos da esquerda e o projeto de futuro para o Brasil”

Movimento sindical independente patrões e governos
O segundo momento da abertura foi com dirigentes das centrais sindicais CSP Conlutas e Intersindical.

Ana Rolim, representante da CSP Conlutas, fez um histórico sobre a luta dos trabalhadores brasileiros nesse último período, no enfrentamento dos projetos do governo contra a classe trabalhadora. Ela ressaltou que houve resistência, destacando a grande greve geral em 28 de abril, que parou diversos setores. “Tivemos uma grande greve geral no primeiro semestre e o PSOL contribuiu muito para o sucesso desse movimento”, disse Ana, que também criticou a decisão de seis centrais sindicais em cancelar a greve geral marcada para o dia 5 de dezembro, próxima terça-feira. “Sabemos que não seria fácil fazer essa grave, mas também sabíamos que era a oportunidade emparedar Temer, nesse final de ano, e tentar derrotar a reforma da Previdência”.

O secretário-geral da Intersindical-Central da Classe Trabalhadora, Edson Carneiro Índio, enfatizou o desafio colocado para os amplos setores da esquerda em construir um processo de unidade, para barrar o golpe e impedir o desmonte do serviço público e a entrega das riquezas nacionais. “Precisamos da unidade ampla dos movimentos sociais e de todos os setores da esquerda, para restabelecer os espaços democráticos que estamos perdendo. Estão desmontando o Estado e os direitos da classe trabalhadora brasileira. É fundamental que o PSOL coloque no centro da luta as pautas contra as opressões, mas sem perder de vista a centralidade do trabalho. Não podemos desconsiderar o peso da classe trabalhadora para nossa luta”, disse Índio, que também criticou suspensão da greve geral do dia 5.

Juliano Medeiros, presidente da Fundação Lauro Campos, saudou os militantes de todo o país, reafirmando o PSOL como um partido democrático e que respeita a diversidade. Ele centrou a sua fala na responsabilidade posta ao partido, que cada vez mais se consolida como a alternativa socialista. “Precisamos ter consciência da nossa responsabilidade e no empenho para que se inicie um novo ciclo da esquerda socialista. Precisamos dar conta de construir uma alternativa política, que seja capaz de encantar o povo brasileiro”, finalizou Medeiros, com gritos de Fora Temer do plenário.

Bancada coerente e combativa
Os deputados Edmilson Rodrigues (PA), Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Glauber Braga (RJ) e Luiza Erundina (SP) também levaram a sua saudação aos delegados e delegadas do 6º Congresso Nacional. Como uma bancada coerente e combativa, que faz a diferença na Câmara dos Deputados, cada um falou dos desafios do partido para o próximo período.

“Vivemos o momento mais importante, depois da ditadura, para a história da luta dos trabalhadores. Nós, com o programa socialista e a unidade necessária dos que querem transformar o país e o mundo, temos condições de apresentar um programa de combate ao capitalismo e com alternativas concretas para construir um futuro socialista”, disse Edmilson Rodrigues.

Ao saudar a militância do partido, Chico Alencar lembrou o processo preparatório para o 6º Congresso, que mobilizou filiados em todo o país, com as plenárias municipais e os congressos estaduais. O deputado do Rio falou das expectativas para esses dois dias de debates. “Esse Congresso tem que ter um diferencial, de ideias, de conteúdo, de um bom debate democrático e de saudável divergência. Tenho certeza que assim será”, ressaltou.

“É muito grave o que está acontecendo hoje no país. Nós acertamos ao denunciar, com convicção, o golpe em curso. E as reformas de Temer continuarão tendo a nossa oposição frontal”, disse Ivan Valente, ao iniciar a sua fala. Ele também elencou três prioridades para o PSOL em 2018. “Em primeiro lugar, a unidade entre todos no partido. Em segundo, a unidade com todos os movimentos que lutam pelo Fora Temer. E em terceiro, apresentar uma candidatura própria com capacidade de debater e articular com os movimentos sociais e que seja capaz de fazer avançar a luta pelo socialismo. Viva a luta dos trabalhadores, viva o socialismo e viva o PSOL”.

O líder Glauber Braga reforçou que a mobilização dos trabalhadores e dos movimentos sociais foram capazes de impedir que algumas propostas, como a da Reforma da Previdência, fossem votadas pela base aliada de Temer no Congresso Nacional.  “A reforma da Previdência não foi votada até hoje não porque o presidente da Câmara se sensibilizou que ela é nociva para o povo, mas porque teve resistência nas ruas. A mobilização sobre o governo garantiu que voltassem atrás em relação a várias medidas”, disse Glauber, fazendo um chamado à militância do PSOL a permanecer nas ruas com o conjunto dos movimentos sociais e sindicais.

“Esse é o primeiro congresso do PSOL que participo, mas é como se eu tivesse participado de todos os outros. Quero agradecer o acolhimento que tive nesse partido, dos seus dirigentes, de suas dirigentes, e da bancada federal, uma bancada competente, uma bancada aguerrida e uma bancada socialista”, afirmou Luiza Erundina, última a falar pela bancada, sob forte aplauso do plenário. Segundo a deputada, “temos o desafio de sair desse congresso mais forte do que nunca e mais unidos do que somos, para enfrentar os direitos que estão sendo destruídos”.

Valorizar as convergências, para garantir a unidade
A Executiva Nacional do PSOL foi representada na mesa pela Secretária de Relações Institucionais, Mariana Riscali, que falou do esforço do conjunto da direção do partido e dos diretórios estaduais para garantir a realização do 6º Congresso Nacional.  Destacou, ainda, a responsabilidade do PSOL para o próximo período. “Temos a tarefa de pensar as funções da direção nacional nos próximos dois anos, garantindo que seja capaz de conectar a luta parlamentar que o Psol tem feito, com as lutas que temos protagonizado nas ruas. E que o partido se consolide como uma alternativa de esquerda socialista e radical para o país”.

Encerrando a abertura, Luiz Araújo, presidente nacional, disse que a expectativa é que o partido saia ainda mais fortalecido de mais um congresso, realizado num contexto diferente e de grandes desafios para a esquerda brasileira. Da mesma forma que os dirigentes que o antecederam, ele também falou da necessidade e da urgência de garantir a unidade partidária e com o conjunto dos movimentos sociais, para derrotar o projeto de Michel Temer. “Hoje, esse Congresso se realiza mantendo as suas divergências, mas com um grau de unidade muito maior dos que os anteriores. Debatendo um programa que supere o modelo de conciliação de classe e que cumpra com o desafio de derrotar o golpe em curso”, finalizou Araújo.

A programação do 6º Congresso Nacional do PSOL segue à tarde, com a apresentação das teses inscritas. Acompanhe a cobertura do 6º Congresso Nacional, através do site e nos nossos canais no Facebook e no Twitter.

Matéria atualizada às 16h40 do dia 2 de dezembro

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