Em artigo nesta semana na Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos fala sobre como os analistas políticos brasileiros subestimam os riscos de Bolsonaro para a democracia e a vida do povo brasileiro. O articulista da Folha e militante do PSOL alerta para a necessidade de derrotar Bolsonaro e seu governo ainda em 2021.
“Bolsonaro está em sua pior situação: popularidade baixa, desemprego alto, volta da fome e uma condução criminosa da pandemia, alvo da CPI. As mobilizações de rua voltaram e há mais de 120 pedidos de impeachment com o presidente da Câmara. Acuado, entregou os anéis ao centrão, com Ciro Nogueira na Casa Civil e um controle paroquial do Orçamento em proporções inéditas”, avalia Boulos que ressalta que a oportunidade de derrotar Bolsonaro é agora.
“Se essa operação for suficiente para neutralizar o impeachment e lhe dar governabilidade até 2022, Bolsonaro poderá ter força para conflagrar o país. Seu pior momento tende a passar, não por méritos do governo, mas apesar dele. Apesar do negacionismo bolsonarista, a enorme maioria da população brasileira deverá estar vacinada até o fim do ano. Isso tem consequências na retomada da atividade econômica”, continua Boulos.
“Se Bolsonaro for capaz de manter sua base coesa e tiver uma votação expressiva, isso basta para incendiar o país ao não aceitar a derrota. Ainda mais se contar com o apoio de setores das Forças Armadas, como sugere a movimentação do general Braga Netto e o papel do general Ramos na fatídica live do voto impresso”, alerta.
“Hoje, o golpismo de Bolsonaro é sinal de desespero. Se a conjuntura se alinhar a seu favor, no ano que vem pode nos atirar no abismo”, aponta Boulos, que conclui: “Por isso é tão equivocada a tática de apenas desgastá-lo para que chegue fraco às eleições. Supõe a crença ingênua de que estamos numa situação de normalidade. A oposição precisa jogar todos os esforços para derrotá-lo ainda em 2021”.