O Tribunal de Contas da União (TCU) notificou a Secretaria Geral e a Comissão de Ética da Presidência da República e recomendou a devolução dos relógios de luxo recebidos pela comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro durante viagem ao Qatar em 2019.
A decisão do TCU é resultado de uma representação protocolada pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) e aponta violação dos limites da razoabilidade e do princípio da moralidade pública.
Na época, os relógios das marcas Hublot e Cartier estavam avaliados em até R$ 53 mil cada e foram dados para Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, Sergio Ricardo Segovia Barbosa, ex-presidente da Apes, Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo, Caio Megale, ex-secretário do Ministério da Economia, e Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania.
A ação de Ivan Valente se soma às iniciativas da bancada do PSOL e da Rede na Câmara dos Deputados, que pediram quebra de sigilo e busca e apreensão contra Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pela tentativa do governo Bolsonaro de trazer ao Brasil, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões.
O PSOL também acionou o Ministério Público para que o envolvimento de Bolsonaro e Michelle seja investigado nestes episódios das joias.
“O TCU diz que relógios dados a comitiva de Bolsonaro no Qatar ferem moralidade e precisam ser devolvidos. Mas o ex-ministro do Turismo diz que não vai devolver. As atitudes deixam claro que a prática de apropriação indébita de bens de alto valor era comum no governo Bolsonaro”, afirma Ivan Valente.
A Corte não determinou a devolução dos itens à União, como havia sugerido a área técnica do órgão, mas mesmo assim recomenda que isso seja feito. A decisão do Tribunal foi publicada no último dia 1º de março.